Conheça e entenda como funcionam alguns dos recursos mais comuns da engenharia estrutural, como pórticos, balanços e marquises
Inicialmente concebido para ter estrutura metálica, o projeto estrutural do Hospital São Luiz foi modificado para ser construído em concreto armado, já que houve um repentino aumento no preço do aço. Essa situação, assim como a adoção de grandes balanços, com vigas de transição, pela arquitetura, é que constitui o partido estrutural do prédio.
Toda marquise é uma laje em balanço? Para que servem pórticos? Para entender os conceitos envolvidos nessas questões, é preciso considerar que todos dependem do partido estrutural. Ou seja, dos conceitos adotados pelo projetista na definição da solução. Isso inclui o próprio sistema: estrutura convencional, lajes planas, lajes nervuradas, estruturas metálicas ou em concreto, estruturas pré-moldadas, alvenaria estrutural, paredes de concreto, steel frame, dentre outros.
Assim, o partido estrutural considera a concepção arquitetônica, a velocidade executiva, as características do empreendimento, o uso de equipamentos, o espaço em canteiro etc. Por vezes, o projeto de arquitetura prevê que o espaço entre os pilares seja de, por exemplo, 12,5 m. Ou, então, a obra pertence a uma indústria siderúrgica, que, por motivos comerciais, exige o uso de aço. O partido estrutural concilia todos esses interesses e restrições.
Balanços
Também conhecidas como 'CANTILEVER' as estruturas em balanço são aquelas em que uma ou mais extremidades não contam com apoio e, portanto, parecem flutuar. São muito utilizadas na arquitetura para, por exemplo, criar áreas do piso superior que se sobrepõem ao piso inferior sem interferência de apoios (pilares). Quando recebem carga, tendem a ser mais flexíveis que lajes totalmente apoiadas. Para evitar deformações e fissuras nas vedações, seu dimensionamento por parte do projetista é diferenciado.
Todo o trecho da laje que não se apoia em nenhum ponto - ou seja, que vai desde o ponto de apoio, à direita, até sua extremidade, à esquerda da foto - está em balanço. Esse termo é aplicado tanto para grandes estruturas, como esta do Museu Iberê Camargo, como para sacadas de apartamentos, por exemplo.
Uma de suas características é concentrar a armadura principal em sua face superior. Logo, demanda mais cuidados para evitar eventual corrosão.
Marquise
Estas estruturas em balanço geralmente têm a função de cobrir a entrada de edificações. Muitas vezes, a região superior dessas marquises é de difícil acesso. Isso, aliado a problemas de impermeabilização e cargas adicionais de elementos de fachada, pode dificultar a vistoria e a manutenção, com risco de queda.
Sempre em balanço, marquises são comuns na entrada de edifícios, cobrindo parte das calçadas nas cidades, mas também podem ter formatos diferenciados, como a que fica acima da entrada do Estádio João Havelange, no Rio de Janeiro.
Pórticos
São estruturas formadas por elementos verticais, os pilares, e por elementos horizontais, as vigas, semelhantes às traves de futebol. Funcionam em conjunto devido à ligação rígida existente entre os mesmos, os chamados nós do pórtico - seguindo no exemplo, a junção entre a trave e o travessão. O conjunto de pilares e vigas de um edifício constitui, por exemplo, um pórtico espacial, estrutura responsável pela estabilidade da edificação. As cargas verticais são transmitidas aos pilares pelas vigas. Já esforços horizontais são compensados pelo outro apoio.
O conjunto pilar-viga-pilar forma um pórtico e é um recurso bastante utilizado nas mais diversas estruturas devido à estabilidade proporcionada pela união entre os elementos.
Treliças
Formadas por barras, que podem ser de diversos materiais, articuladas nas extremidades e que formam um conjunto resistente. Seu formato proporciona melhor distribuição das cargas e intertravamento dos elementos. Por serem estruturas esbeltas, com baixo consumo de materiais e capazes de vencer grandes vãos, o uso mais comum é em coberturas, para suporte do telhado. Podem ser planas ou espaciais. O formato também é bastante aplicado em armaduras de lajes, vide as lajes treliçadas.
O formato das treliças faz com que a carga depositada em um ponto seja dividida, otimizando a capacidade de resistência dos elementos. Como resultado, o consumo de materiais tende a ser menor, com obtenção de estruturas mais leves.
Apoio técnico: Marcos Monteiro e Januário Pellegrino Neto, professores da disciplina de estruturas de concreto, do curso de engenharia civil, do Instituto Mauá de Tecnologia.________________________________________________________________ Fonte: OLapisVerde